Dentro da porta de vidro (2), de Natsume Sōseki
Meu telefone tocou e ao colocá-lo no ouvido e perguntar por quem chamava, era um homem de uma revista pedindo para tirar uma fotografia minha, perguntando quando poderia vir me fotografar. — Prefiro não ter minha foto tirada — respondi-lhe. Eu não tinha qualquer relação com aquela revista. Tinha a memória, porém, de ter pegado em mãos um ou dois exemplares dela nos últimos 3 ou 4 anos. Só me lembro de que ela tinha a peculiaridade de publicar muitas fotografias de pessoas sorrindo. No entanto, a impressão desagradável que tive de muitos daqueles rostos sorridentes, forçados e pouco naturais, não desaparecera. Por isso, tentei recusar o pedido. O homem da revista me explicou que desejava publicar rostos de pessoas nascidas no ano do Coelho, visto que seria a edição de Ano Novo do Coelho. De fato, como dizia ele, nasci no ano do tal signo. Então eu disse assim: — Tudo bem se eu não sorrir nessa fotografia para sua revista? — É claro, não faz necessidade alguma — respondeu imediat