Dentro da porta de vidro (3), de Natsume Sōseki
Percebo que logo já devem fazer uns 3 ou 4 anos desde que H me deu o Heitor, meu cão. Parece até que foi um sonho. Na época, ele era só um filhotinho que acabara de desmamar. Um orientando de H enrolou ele em um pano e o trouxe até a minha casa de trem. Naquela noite, deixei que ele dormisse em um canto da despensa nos fundos. Forrei o chão com palha para que não ficasse muito frio e fiz o meu melhor para preparar-lhe a cama a mais confortável possível — então fechei a porta da despensa. Mas ao cair da noite, ele começou a chorar. Ele passou a noite inteira arranhando a porta da despensa, tentando sair para fora. Ele deve ter se sentido solitário dormindo sozinho naquele lugar escuro, acho que ele não dormiu um segundo sequer. A situação se repetiu na noite seguinte. E na próxima. Até que ele conseguiu dormir confortavelmente na cama de palha que fiz para ele, passou-se uma semana de preocupações com o cão ao cair da noite. Minhas crianças o acharam engraçado, e faziam-no cons